segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DIZEM

Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.

Alguém soluça uma felicidade apaixonada.
Dizem: é amor.
Chama-se ao teu seio, simplicidade das lágrimas!
Só contigo eu brinco.

Não recordo nada e também nada esqueço.
Dizem: como é possível?
O que deixo cair mantém-se sobre a terra.
Se o não encontro, tu o encontrarás.

A terra me aprisiona, o mar me dilacera.
Dizem: um dia morrerás.
Mas dizem-se tantas coisas a um homem
que nem sequer respondo.

Attila József

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