quinta-feira, 12 de junho de 2008

RUBAIYAT

Vinho faz perdoar a pena de viver.
Bebe vinho! Vinho cor de rubi, vinho cor-de-rosa, vinho cor de sangue!

Bebe vinho!
Tens muitos séculos para dormir.
Vinho é amargo? Não importa! Tem o gosto da vida!
Todos os reinos por uma taça de vinho precioso.
Todos os livros e toda ciência dos homens por um perfume suave de vinho.
Todos os hinos de amor pela canção do vinho que corre.
Toda a glória de Feridoum pelos reflexos do vinho na ânfora.
Bebo o vinho que me oferece uma linda rapariga e não cuido de minha salvação.

Sempre ouço dissertar sobre os gozos reservados aos eleitos, limitando-me a dizer:
Só tenho confiança no vinho.
Bebe vinho!
Só ele te dará a mocidade, ele é a vida eterna.

Bebe um pouco de vinho porque dormirás muito tempo,
debaixo da terra, sem amigo, sem camarada, sem mulher.
Nosso amigo mais velho é o vinho mais novo.
O vinho destrói os cuidados que nos atormentam e dá-nos a quietude perfeita.

Ouço dizer que os amantes do vinho serão castigados no inferno.
Se os que amam o vinho e o amor vão para o inferno o paraíso deve estar vazio.
Vinho! Eis o remédio que carece o meu coração doente.
Vinho com perfume almiscarado! Vinho cor-de-rosa!

Dá-me vinho para apagar o incêndio da minha tristeza.
Bebe e esquece que o punho da tristeza em breve te derrubará.
Vinho! Vinho em torrentes! Que ele palpite nas minha veias.
Que ele borbulhe na minha cabeça!

Quando bebo, ouço mesmo o que não me pode dizer a minha bem amada!
Mais vale uma ânfora de vinho do que o poder, a glória e as riquezas.
O vinho libertar-te-á das névoas do passado e das brumas do futuro.
O vinho inundar-te-á de luz, livrando-te dos grilhões de prisioneiro.

Quando Deus me criou sabia que eu beberia vinho.
Se me tornasse abstêmio, sua ciência estaria errada.
Trazei-me todo o vinho do Universo!
Meu coração tem tantas feridas!…

O vinho proporciona aos sábios uma embriaguez semelhante à dos eleitos.
Dá-nos a mocidade, restitui-nos o que perdêramos, põe ao nosso alcance tudo o que desejamos.
O vinho queima como torrente de fogo,
mas, às vezes, tem sobre as nossas mágoas o efeito da água pura e fresca.


Omar Khayyam

8 comentários:

César Castro Ferreira disse...

Maninha, maninha... Isto quase que é alcool a mais!
Mas prometo, para a semana não vai faltar vinho para te dar tudo o q o vinho e bom vinho pode dar!! ;)

Beijocas imensas

André Filipe disse...

Parabéns pelo Blog dedicado a primeira arte que completa todas…

E eu beberei todo o vinho que me derem"…

Beijo Loira Francesa

cláudia pinho disse...

César, está feito, para a semana temos sarau!
Volte sempre. Eh, eh...

UM BRINDE!

cláudia pinho disse...

André, digo mais:

"Se algum dia houver uma Paz universal, esse feito será comemorado com um copo de vinho na mão."

António D'Avillez

Luis Beirão disse...

Olá Claúdia,

Feliz coincidência!!!

Já temos lido estas Odes ao Vinho em imensos jantares poéticos, inclusivé um havido numa casa de Gourmet em Famalicão. Conheço, e realmente são muito recomendáveis!

Bjs

cláudia pinho disse...

Agora, Luis, imagina como seria a leitura dessas Odes ao Vinho numa real prova de vinhos! Vai o desafio? eheh... Já agora, quero estar presente na próxima!

A. Pedro Ribeiro disse...

Viva Baco e Dionisos! Com a tua licença, vou copiar para um dos meus blogs.

cláudia pinho disse...

Concordo, Pedro, este "RUBAIYAT" é mesmo uma delícia.
Faz o favor de divulgar!