Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.
Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
António Ramos Rosa
terça-feira, 16 de março de 2010
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2 comentários:
Aproveito o Ramos Rosa para te dizer olá. Bela selecção de poemas tu aqui tens, pá! Já sou seguidor. Beijinho
Muito me honra ter a visita de sua excelência Ricardo Reis, transbordo de contentamento, cedo mesmo a uns pulinhos nervosos de rejúbilo. Comprometo-me a homenageá-lo da próxima vez com o seu inspirado "Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio".
É curioso, recentemente conheci um moço de escrita também muito jeitosa, mas hoje vê-se tanta coisa no telejornal que se eles não tiverem juizo, até me calo...
Volte sempre!
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