Ninguém compreendeu o segredo noturno das ardósias
nem porque a esfera armilar se exaltava tão só quando a olhávamos.
Só sabíamos que uma circunferência pode não ser redonda
e que um eclipse da lua confunde as flores
e adianta o relógio dos pássaros.
Ninguém compreendia nada:
nem porque os nossos dedos eram de tinta-da-china
e a tarde fechava compassos para a madrugada abrir livros.
Só sabiamos que uma recta, se quiser, pode ser curva ou dobrada
e que as estrelas errantes são meninos que ignoram a aritmética.
Rafael Alberti
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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