terça-feira, 8 de julho de 2008

Convida-me só para jantar

E não queiras depois fazer amor.
Convida-me só para jantar
num restaurante sossegado
numa mesa de canto
e fala devagar
e fala devagar
eu quero comer uma sopa quente
não quero comer mariscos
os mariscos atravancam-me o prato
e estou cansada para os afastar
fala assim devagar
devagar
não é preciso dizeres que sou bonita
mas não me fales de economia e de política
fala assim devagar
devagar
deita-me o vinho devagar
quando o meu copo estiver vazio.
Estou convalescente
sou convalescente
não é preciso que o percebas
mas por favor não faças força em mim.
Fala, estás-me a dar de jantar
estás-me a pôr recostada à almofada
estás-me a fazer sorrir ao longe
fala assim devagar
devagar
devagar

Ana Goês

3 comentários:

Luis Beirão disse...

Cláudia,

Muito bem... quem recusaria um convite para jantar nos moldes assim descritos?

Bjs,
Luis

A. Pedro Ribeiro disse...

um excelente poema, Cláudia.

Anónimo disse...

Aceito convites para jantar, desde que tenham estas caracteristicas!