Sou nómada e basta-me
Beber a água que vem da montanha
E olhar a mica do céu onde se reflectem
As mutações da Coisa — o pó
Que nela pousa. A teia do conhecimento
Está podre e não vou
Deitar-me nela. Escrevo porque sou um arco
Que vai acumulando alguns restos
Alguma dor algum vento perfumado
E subitamente dispara. Cinza. Palavras
Que não têm deuses nem brilho nem nada.
Casimiro de Brito
Na Via do Mestre 2000
Beber a água que vem da montanha
E olhar a mica do céu onde se reflectem
As mutações da Coisa — o pó
Que nela pousa. A teia do conhecimento
Está podre e não vou
Deitar-me nela. Escrevo porque sou um arco
Que vai acumulando alguns restos
Alguma dor algum vento perfumado
E subitamente dispara. Cinza. Palavras
Que não têm deuses nem brilho nem nada.
Casimiro de Brito
Na Via do Mestre 2000
5 comentários:
Cláudia,
Sigo bebendo do martini que tú nos serve e sorvendo da poesia que nos derrama.Gostei do poema do Cassimiro de Brito. Destaco: "escrevo porque sou um arco que vai acumulando... e subitamente dispara". É assim, sim, a alma. A trapezista que treina, medita e larga e salta...
adalberto monteiro
Peço desculpa pela minha ignorância, mas qual o significado do '77'?
Adalberto Monteiro,
"...A trapezista que treina, medita e larga e salta..." e abre as asas e inicia o seu voo nocturno. Sobretudo deve voar...
que a terra vista das nuvens. parece, precisamente, etérea.
Apareça sempre.
Ora bem, Fatusha,
penso eu de que o 77 se refere ao número atribuído a este poema que está incluído na obra "Na Via do Mestre", Guimarães, Pedra Formosa, 2000.
"Eis a natureza que te convida e te ama; mergulha no seu seio que ela constantemente te oferece"
Quanto ao penultimo comentario desculpe os erros e repetiçao de palavras,mas os copos de vinho de porto acompanhados de pensativos cigarros foram demais e assim consequentemente a escrita sai menos lucida e correcta.
Bom poema.
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